PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ
“Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída —
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que
casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
(...)"
É com este poema que o Centro de Estudos de História do
Atlântico publicou ontem a obra “Cartas no Intervalo da Guerra”.
O leitor ávido perceberá facilmente a conexão. Afinal, o livro é o desenrolar
de uma história de dois protagonistas das Guerras
Coloniais, mas não nos referimos aos comandantes, nem generais e menos à presidentes. Apenas nos referimos a um soldado que não pode fugir ao seu dever
com o país e à sua madrinha de guerra. Personagens simples, mas não menos
importantes que tantos outros que provavelmente figuram nos manuais escolares de
História do país.
O testemunho de António e Maria Adelaide Loreto, através de pouco mais de 200
cartas transcritas e analisadas no livro, preenchem a lacuna existente na história
nacional e até mundial. As missivas permitem conhecer uma faceta oculta da
guerra: a realidade do dia-a-dia de quem ficou em casa, na Madeira; o quotidiano
da vida militar daquele que partiu para Angola; as preocupações e desejos de
dois jovens da década de 70 do século XX; o nascimento de um amor entre dois desconhecidos
que começa entre linhas.
Este livro é o primeiro de muitas narrativas
que serão desenvolvidas pelo CEHA integradas
no projecto “Memória (das histórias das gentes que fazem história) ”. Prevê-se
que o livro seja traduzido em inglês e apresentado em Londres de 2017.
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